Mais um conto saindo gente....demorou um pouco, mas minha inspiração não é tão presente...por isso, sou bióloga e não escritora....rsrs : D
Segredos do Mar
O mar vai se pondo e ele assiste lá
do alto do penhasco. Adora ver o sol afundar no mar. É quase capaz de ouvir o
barulho quando o astro-rei se encontra com a água. Essa era a rotina de Alan já
havia seis meses, desde quando de mudara para aquela ilha à procura de paz,
sossego e algo mais, mas ainda não sabia bem o que era ou quem era, desde que
havia feito aniversário – 25 anos – estava desse jeito: sem rumo.
Na manha seguinte, acordou com
vontade de sair de barco. Passou na cozinha bem equipada da avó, pegou alguns
frios, frutas e duas garrafas de água mineral e desceu para o porto onde sabia
que iria encontrar seu avô. Seu João, apesar de já ter 74 anos, ainda pescava
todos os dias. Ia sempre numa área pertinho da costa, mas não deixava de voltar
com o pescado.
Alan ajudou Seu João a descer os
peixes e avisou o avô que iria precisar do barco até o meio-dia.
-
Cuidado meu filho. Deu no rádio que tem temporal chegando esta tarde.
-
Preocupa não vô. Volto na hora do almoço. Pede pra vó fazer esse robalo daquele
jeitinho que só ela sabe.
-
Tá bom meu filho. Deus lhe acompanhe.
Alan entrou no barco, soltou as
amarras e ligou o motor, manobrando lentamente até sair da área próxima às
pedras ganhando o alto-mar. Passado uma hora, desligou o motor, jogou a âncora
e foi para a proa contemplar o mar.
-
O que falta na minha vida? Perguntou ao mar.
Então, como que por mágica,
formou-se um redemoinho bem próximo a proa do barco e foi crescendo até o barco
estar em seu olho. Alan estava em choque, sem acreditar no que estava
acontecendo. O barco afundou e seu último pensamento foi para seus avós...
Alan começou a se debater tentando
voltar à tona, mas não conseguia, a correnteza era forte demais. Então se
deixou flutuar, entregando-se a morte. Nesse momento, Alan enxergou algumas
bolhas de luz e imaginou se era isso que se via quando se estava morrendo.
Fechou os olhos e sentiu os pulmões pararem de arder e pensou “que doido
continuar pensando depois que morre”. Então sentiu um leve calor subindo pelas
pontas dos dedos e indo em direção ao peito, mas não teve coragem de abrir os
olhos. Quem sabe o que te aguarda do outro lado. A sensação iniciou agora nos
dedos dos pés e foi subindo até alcançar seu abdômen onde o ‘outro calor’ já
estava instalado. Começou a ficar muito curioso a respeito daquela sensação e
foi abrindo os olhos devagar... e quase gritou, só não fez isso porque estava
dentro d’água. Mas de repente percebeu que a sensação de calor era por causa de
não estar mais na água e sim numa espécie de bolha. Ao olhar ao seu redor,
percebeu peixes grandes... mas então chegou mais perto da “parede” da bolha e
pôde enxergar melhor. Eram mulheres! E tinham... não podia acreditar... cauda
de peixe!
Só podia estar morto e em outro
mundo porque até onde sabia, mulher era mulher e peixe era peixe. Então o que
eram aqueles seres?!
Percebeu pelo canto dos olhos que
uma delas estava empurrando a bolha para o fundo do oceano e começou a ficar
apreensivo quanto ao que iria acontecer. Será que estava tentando matá-lo? Já
estava morto! Alan começou a pensar que além de morto estava ficando doido!
Como se tivesse ouvido os seus pensamentos,
a sereia parou. Aproximou-se e ficou a admirá-lo. Alan tentou imaginar o que
aquela criatura estava pensando nesse exato momento em que o olhava com tanta
atenção. Então como se realmente estivesse ouvindo os pensamentos dele, a
criatura respondeu:
-
Não tenho a intenção de te ferir humano, apenas estudá-lo, conhecer melhor a
sua raça.
Para quê? Pergunta Alan, já imaginando o que
seria ser estudado.
-
Você logo saberá.
Ele olha para os lados e percebe que
várias outras criaturas estão ao redor de sua bolha e empurrando cada vez para
o fundo. Olha para cima e percebe que a luz do sol que atravessa as águas está
diminuindo cada vez mais. Começa a se sentir sonolento e antes que seus olhos
fechem, pensa: “Será que vou ver o sol de novo...”.
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